Há quem diga que a London Fashion Week é a semana de moda mais “maluquinha” do calendário. Na verdade ela é a mais criativa, conceitual e cheia de ideias das quatro grandes Fashion Weeks, e o Brasil estava presente nesse domingo!
A Tempestade de Karoline Vitto
A brasileira, Karoline Vitto, abriu o line-up de desfiles desse domingo (15/09) da London Fashion Week trazendo uma diversidade de corpos e modelagem para a passarela.
Inspirada nas tempestades que uma mulher pode viver ao longo da vida, a coleção conta com uma paleta de cores escuras e modelagens que abraçam todos os tipos de corpos. Fendas e recortes também chamam a atenção, sempre acompanhados de amarrações ou peças metálicas.
A escolha dos tecidos junto com o trabalho de drapeados, cabelos molhados e maquiagem “Wet”, a impressão era que as modelos tinha literalmente saído de uma tempestade e ido direto para a passarela.
Funfact: Karoline Vitto foi semifinalista do prêmio LVMH desse ano (2024)
Os vestidos de JW Anderson
Vestidos tubinhos de seda e paetês, micro saias de couro que lembravam tutus e tops de cashmere foram os destaques dos desfile da JW Anderson.
O estilista Jonathan Anderson usou o mínimo de material possível na coleção de primavera/verão 2025 da sua marca homônima, incluindo os aviamentos, que em sua maioria, não passavam de estampas trompe l’oeil ( técnica de estamparia com objetivo de gerar uma ilusão de ótica de uma imagem 2D para 3D).
Jonathan gosta de visitar o guarda-roupa feminino e modifica-lo drasticamente, mas não deixa de fora as tendências como o caso das saias balonês e a cor azul (muito presente na NYFW).
Quase ao final do desfile, chama a atenção um top e um vestido estampados com um capítulo de uma tese, que faz parte de um ensaio que dá nome a coleção.
O Balé de Simone Rocha
A estilista Simone Rocha diz ter passado por uma fase depressiva. No desfile desse domingo ela traduz essa fase no primeiro bloco da apresentação com looks all black e modelos de cara fechada e braços cruzados junto ao peito.
Eis que uma chuva de cor de rosa, tutus e sapatilhas adentram a passarela, trazendo novamente o brilho e a vitalidade. Collants com desenhos dismórficos intercalam a vivacidade e a delicadeza da dança, para transmitir os altos e baixos das emoções humanas.
Com flores e silhuetas mais retas, a coleção foi considerada menos espalhafatosa que as anteriores, mesmo com as camadas de tule, as cores fortes e a transparência. Atenção aos Crocs bordados, fruto da parceria da marca com a estilista.
A literatura proibida da Erdem
Inspirada no livro “ The Well of Loneliness” (“ O Poço da Solidão” ), a coleção traz a essência do livro lançado e proibido pelo tribunal britânico em 1928, por ser considerado impróprio. Trata-se de um romance lésbico que apresentava questões de gênero nos anos 20, com uma protagonista que odiava vestidos e que desejava ser um menino.
O desfile conta com peças de alfaiataria masculina em modelos mulheres com os cabelos curtos, contrastando com os vestidos armados de cores vivas. Casacos bordados em flores e cores escuras traduzem a confusão mental da protagonista durante a descoberta da sua sexualidade.
A interpretação é que mesmo em 2024, ainda usamos da moda como expressão de gênero e sexualidade, colocando regras arcaicas que não deveriam sequer existir em pleno século XXI.
