Chegamos em outubro e é quase impossível não pensar no Dia das Bruxas. Mesmo que o feriado não seja tão celebrado no Brasil como é lá fora, a época do ano continua trazendo toda a sua atmosfera assustadora, com direito a fantasias que te deixam livre para explorar a criatividade. Aqui na Redz., nós trouxemos o que há de mais estiloso nas mais diversas vertentes do horror para mostrar que em cada obra cinematográfica, o papel do figurino vai muito além de embelezar os atores.
O Bebê de Rosemary (1968)
Dirigido pelo cineasta Roman Polanski, o filme se passa nos anos 1960, período em que tivemos uma mudança considerável na moda. O novo estilo, popularizado pela modelo britânica Twiggy, retorna a silhueta dos anos 1920 ao lado de saias mais curtas, cores mais vivas e maquiagens que realçam o olhar.
A figurinista Anthea Sylbert soube capturar bem a essência da época com a história e os personagens, especialmente com Rosemary (Mia Farrow). No início da obra, os tons mais claros predominam no guarda-roupa dela, destacando sua inocência em relação aos acontecimentos.
Os penteados também não ficam de fora, já que Rosemary usa o seu cabelo curto com franja, uma característica forte daquela época. Conforme o enredo fica mais intenso, seu visual acompanha, seja na paleta de cores com o conjuntinho vermelho vibrante ou no corte ainda mais curto.
Garota Infernal (2009)
Misturando terror e comédia, o filme traz Jennifer Check (Megan Fox) e sua amiga de infância, Needy (Amanda Seyfried), em um cenário onde o drama adolescente se transforma em menos de uma noite, quando Jennifer é sacrificada em um ritual e vira um demônio devorador de homens.
Apesar de muito criticado na época em que foi lançado, hoje o filme é visto como atemporal e um clássico do gênero, principalmente por explorar a amizade feminina com um olhar que poucos faziam.
Assim como os homens viam Jennifer de modo superficial, ao se transformar naquele demônio, eles se tornam apenas o alimento necessário para que ela permaneça com sua vitalidade, com a ajuda daquilo que os deixavam cegos e vulneráveis: seu corpo.
Ainda sim, é interessante ver como ela nunca usou roupas de fato apelativas. Jennifer utiliza apenas peças casuais de uma adolescente comum dos anos 2000: calça cintura baixa, mini saia, muito rosa e sangue derramado como acessório.
Monster High – Uma Festa de Arrepiar (2012)
A primeira geração de Monster High é repleta de referências de moda e cultura, indo além do estilo dos anos 2000, que é o que conseguimos notar à primeira vista. Desta vez, o foco vai para os vestidos usados pelas protagonistas no final do filme, quando fazem uma festa para comemorar o fim da rivalidade entre monstros e humanos.
Frankie Stein, por exemplo, que é uma releitura contemporânea de um clássico do terror, sempre traz looks que lembram elementos valiosos dos filmes que inspiraram sua criação como personagem. Além dos raios distribuídos pela saia, ela usa seu cabelo para cima com mechas brancas, assim como no filme A Noiva de Frankenstein (1935).
Clawdeen, Cleo de Nile e Draculaura também se destacam, seja pelas gigantes asas de morcego ou nas estampas de animal print no cabelo e na maquiagem, uma tendência fortíssima dos anos 2000.
Pearl (2022)
Elaborado por Malgosia Turzanska, o figurino de Pearl é facilmente um dos mais reproduzidos nesta época do ano. As peças que compõem a protagonista, interpretada por Mia Goth, são simples e práticas, mas carregam um enorme significado.
Por mais que a personagem se vestisse como uma fazendeira qualquer daquele período, é nítido como a sua personalidade ainda entra em evidência, seja nas cores, nos tecidos ou até nos gestos. Há algo escondido debaixo de toda a ingenuidade que aquela roupa tenta transmitir.
Também temos o famoso vestido vermelho da audição, representando a sua paixão pelo sonho de se tornar atriz e, após matar a pessoa que tirou esse sonho dela, o vermelho aparece novamente e aquela face inocente nunca mais retorna.
Jovens Bruxas (1996)
Ao longo do filme, vemos como a forte ligação espiritual com o Manon (uma entidade ficcional), junto com a amizade que ambas desenvolvem, uma vez que o grupo, quando completo, representaria os quatro elementos, influenciava a forma como se vestiam.
Nancy (Fairuza Balk), Bonnie (Neve Campbell) e Rochelle (Rachel True) são retratadas como “bruxas más”, enquanto Sarah (Robin Tunney) é a “bruxa boa”, embora o próprio filme debata os termos.
No início, Sarah usa roupas em tons mais suaves, já as outras três estão cobertas de acessórios, peças mais escuras e com sobreposição. Quando Sarah se integra no grupo e o pequeno coven se completa, ela passa a se vestir como as demais.
Logo após uma série de acontecimentos que a afastam de suas amigas, ela volta com as cores claras, assim como Bonnie e Rochelle ao perderem os seus poderes. Veja a line-up da SPFW aqui!
Heathers (1988)
Nas telas do cinema ou nos palcos da Broadway, as “meninas malvadas” dos anos 1980 marcaram a década com a famosa psicologia das cores.
Embora não permaneçam com as roupas na mesma paleta como em um desenho animado, você consegue assemelhar um tom para cada personagem, especialmente pelos looks em verde, vermelho, amarelo e azul, mais visíveis nos musicais.
Essa estratégia é usada por JD (Christian Slater), por exemplo, ao trocar seus trajes pesados e sobretudo pela camiseta xadrez azul, logo quando precisa convencer Verônica (Winona Ryder) de que ele não irá matar os atletas da escola. Azul é a cor predominante da personagem.
No geral, as ombreiras nos vestidos e blazers e os cabelos soltos se referem ao estilo da época, mas o filme se concentra na elegância e visual descolado das adolescentes que, exceto por Verônica, pertencem a famílias ricas.
Beetlejuice – Os Fantasmas Se Divertem (1988)
A figurinista americana Aggie G. Rodgers combinou o gótico com a atmosfera de Tim Burton de um jeito memorável para o cinema. A personalidade melancólica de Lydia Deetz (Winona Ryder), com sua franja afiada e o terno listrado do fantasma travesso que dá nome ao filme são exemplos disso.
Lydia sempre adota o preto, exceto pela cena da cerimônia de casamento, onde usa um vestido todo em vermelho e o visual se torna um dos looks mais notáveis dos anos 1980. Conheça Luíza Perote!
Além das peças rendadas, ou com camadas e volume, a maquiagem dramática com os cabelos esverdeados conseguem ser uma das fantasias mais populares no Dia das Bruxas.
The Love Witch (2016)
Dirigido por Anna Biller, o filme realça a estética dos anos 1970 com detalhes da bruxaria moderna. A atenção para um figurino com esse conceito vai para a Elaine (Samantha Robinson), a protagonista, indo desde looks chamativos até as sombras azuis em seus olhos hipnotizantes, como uma verdadeira bruxa do amor.
Feito sob um olhar feminino, a mistura de amor e horror traz para Elaine um visual que grita a mulher poderosa e fatal que ela é, capaz de acabar com a vida de qualquer homem que conhecer (literalmente).
Apesar de lançado em 2016, ele se parece com uma produção antiga de Hollywood, isso porque Biller se empenhou em sua criação ao procurar e/ou confeccionar móveis e peças vintage que pudessem repassar a sua ideia.
The Rocky Horror Picture Show (1975)
Considerado à frente do seu tempo, o musical não é um terror tradicional do cinema e trata de temas como gênero e sexualidade. O filme desafia padrões da época com um número burlesco, maquiagem carregada e Frank-N-Furter (Tim Curry) se apresentando como “uma doce travesti de Transexual Transilvânia”.
Em uma das cenas, Frank usa um emblemático triângulo vermelho no seu macacão, que remete ao triângulo de ponta cabeça usado por homossexuais na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, como forma de identificá-los.
O figurino gira em torno de corpetes, meia arrastão, salto alto, muito brilho e a influência do movimento punk. No final, observamos o processo de desconstrução de um casal hétero sobre seus papeis no relacionamento, enquanto estão de pijama e lingerie cantando sobre se sentirem livres.
O Dia das Bruxas está chegando, mas para muitos ele é celebrado o mês inteiro, por isso a Redz. fez questão de unir o melhor do terror para um outubro memorável e te mostrar que a moda pode ser encontrada em todos os lugares.